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Foto do escritorJoão Victor Couto

Por que dar tanta importância a Tolkien?

Atualizado: 10 de abr. de 2022

No Tolkien Reading Day deste ano, junte-se a nós nessa reflexão.

 

Hoje, (25 de março), o meio literário internacional comemora e homenageia um dos maiores gênios de sua classe, o filólogo, acadêmico consagrado, professor de Oxford e pai da fantasia moderna, John Ronald Reuel Tolkien. A data é uma alusão direta a obra de maior alcance de sua autoria, a trilogia O senhor dos anéis. Nela, o dia 25/03 da Terceira Era fora eternizado como o dia em que o pequeno Hobbit do condado, Frodo Bolseiro, completou sua jornada, sobrepujando o mal vindo do Leste. Hoje, a data é conhecida como Tolkien Reading Day.

J. R. R. Tolkien

Anualmente a mídia especializada, grupos de aficionados e institutos literários celebram a data com tributos e agraciamentos para com o legado do autor e sua inegável influência para a posteridade. Contudo, este ano gostaríamos de trazer à reflexão um caráter primário e objetivo: Por qual motivo damos tanta importância a Tolkien?


A grandiosidade atingida pelo autor para o meio literário é tamanha, que qualquer resposta objetiva e direta, seria praticar de uma desonestidade intelectual e de um absentismo de profundidade nítido, desaconselhável para qualquer um que se autointitule como admirador e aluno do mestre da fantasia. Desta maneira, daremos por aqui ótimos motivos para sanar tal questionamento.


Figura e Legado

Por mero silogismo lógico, entendemos que não há outro ponto de partida argumentativo para tal questão do que a própria figura de Tolkien.

As camadas sociais, acadêmicas e literárias influenciadas por sua obra alcançaram um patamar onde até aqueles que por ventura se opunham a tal personalidade, são forçados a admitir que é impossível ignorá-lo.

Ora, o mero sucesso comercial de suas obras e de seu vasto espargimento já seriam um ótimo motivo, para um argumento mais raso, afinal, ser o único autor que aparece mais de uma vez no ranking dos 10 livros mais vendidos da história, deve ser de alguma relevância, certo?


Ampliação do Imaginário e da Intelecção

Pessoalmente, desconheço método mais proficiente e abalizado de exercitar o fator imaginativo e perceptivo, do que se debruçar sobre os clássicos. Como perfeitamente definiu o genial ensaísta italiano, Italo Calvino:

“Toda primeira leitura de um clássico é na realidade uma releitura.”

A profundidade da frase de Calvino é em minha mera opinião assustadora, e não poderia se encaixar melhor para Tolkien. A “releitura” em questão, seria relativa à maneira como enxergar o próprio mundo, visto de outra forma e roupagem, justamente para formar em seu imaginário uma melhor forma de agir sobre ele. Absolutamente preciso.

Capa original de O Hobbit (1937) com arte original de Tolkien.

Magistralidade Técnica

Sem sombra de dúvidas, elevar a técnica de escrita, bases filosóficas e filológicas, ou até mesmo comunicativas do autor, seria uma eloquência verborrágica digna de ser taxada como redundância, afinal, não há quem duvide disto, todavia tal conclusão não soluciona nosso debate, apenas o prolonga.

De maneira mais objetiva, entender como funciona tal técnica, seja, contudo, um indicativo mais preciso. Durante seu processo narrativo, o autor mantinha suas bases na ordem clássica de desenvolvimento, baseada nos mitos. Assim como Homero, Tolkien seguia a linha criativa do mito a fundo, passando pela catástrofe, a eucatástrofe, a quebra do materialismo a fim de um vislumbre desse, e por fim, a transcendentalidade. Uma linha técnica aparentemente simples para alguns, genial para outros. Posso dizer que me encaixo no segundo grupo.


Melhor entendimento não só daquilo que lhe cerca, mas do que consome

Em dado momento da consolidação dos arquétipos narrativos, a amplitude e enraizamento das bases estabelecidas por Tolkien, se tornaram como um manual, um norte, a se seguir em estruturas literárias criativas. Toda linha de fantasia que se seguiu a partir dali, segue os métodos traçados por ele.

Como citou, de maneira profusamente clara, George R.R Martin, autor das Crônicas de Gelo e Fogo (Game of Thrones):

“É o maior elogio que qualquer escritor de fantasia possa receber [ser comparado com Tolkien]; A fantasia como conhecemos hoje sempre seguirá seus passos.”

Dito isto, se porventura quiser entender melhor qualquer uma dessas obras que você vem consumindo em séries, livros e filmes, seus sentidos ou valores, será uma tarefa ainda mais árdua, caso ainda não tenha desbravado a escrita de quem estabeleceu tudo isto.


E finalmente, sua Profundidade

A amplitude da obra de Tolkien é objeto de muita dúvida. Ora, é deveras irônico como algo como O Silmarillion, O Hobbit, O senhor dos anéis, ou qualquer outra de suas obras possa ter tantas camadas de absorção, de alcance e, principalmente, de profundidade, não?

Definitivamente, nenhuma destas obras é, em suma, sobre dragões, elfos e orcs, todavia podem sim ser encaradas como tal, concorda? Não há problemas em que se enxergue e aproveite daquilo como grandes aventuras épicas, que cativam quase todos.

A genialidade maior do autor para mim está aí. Todo seu conhecimento filosófico, teológico, linguístico e narrativo está lá, estampado na sua cara, mas ele só se evidenciará para você no caso de, de fato, você procurar por ele. Familiar, não?

"Nem todos os que buscam estão perdidos." Bilbo Bolseiro - A sociedade do Anel

Bilbo Bolseiro em A Sociedade do Anel

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